Campeão mundial pelo Corinthians não pensa duas vezes e vira professor

No futebol, os apelidos são muito comuns. Dos grandes jogadores brasileiros, diversos deles fizeram fama e ficaram conhecidos não por seu nome de batismo, e sim por seus apelidos. Nessa lista tem Pelé, Zico, Bebeto, Careca e muitos outros. Nesse sentido, por acaso você se lembra do lateral-direito José Satiro do Nascimento? Provavelmente não, correto? Mas ele foi campeão mundial com o Corinthians e é um dos ídolos da história do Timão.

Mas quando revelamos que José Satiro do Nascimento é o Índio, tudo muda. E o apelido não vei por acaso. Ele nasceu numa aldeia indígena, mas ficou conhecido mesmo no futebol. Hoje aos 46 anos, é um dos jogadores mais importantes da história do Corinthians.

O Índio conquistou o Brasil e se tornou uma das maiores referências do time paulista. Agora, aposentado, é professor voluntário na aldeia Xucuru Kariri, em Caldas, no Sul de Minas Gerais. O Dia dos Povos Indígenas é celebrado nesta quarta-feira (19). Neste dia não tem como não falar do indígena José, o maior craque da história das aldeias brasileiras.

A carreira de Índio, que virou ídolo no Corinthians

O jogador começou jogando no Bahia, mas alcançou notoriedade no Corinthians. Pelo clube paulista, o ex-lateral conquistou o bicampeonato Brasileiro, o bicampeonato paulista e foi campeão do Mundial de Clubes da Fifa.

“Saí da selva para o mundo, tenho orgulho de ser índio e de ter sido representante do meu povo no futebol”, afirma o campeão do Corinthians.

Os títulos de Índio pelo Corinthians:

Mundial de Clubes: 2000
Campeonato Brasileiro: 1998 e 1999
Campeonato Paulista: 1999 e 2001

Conhecido como o “Anjo das Pernas Tortas”, Índio nasceu em Palmeira dos Índios, Alagoas. Aos 10 anos, ainda criança e com a vida dura na roça, começou a jogar futebol.

“Mudou muita coisa, trabalhei na roça e a bola foi tudo, até hoje o futebol é tudo. Ele me ensinou muita coisa e me deu uma estabilidade muito boa para ajudar minha família”, explica Índio.

Índio e o retorno à aldeia

Índio voltou a viver na aldeia Xucuru Kariri após deixar o futebol . Há mais de 20 anos, os familiares de Índio e outros mais de 150 Xucuru Kariri vivem numa área de 40 alqueires próximo à cidade de Caldas, em Minas Gerais.

No local, o ex-lateral tem um projeto social que ensina em torno de 50 crianças de 7 a 16 anos a jogarem futebol. As aulas são em diversos horários. O próximo passo é disputar o campeonato indígena do Brasil em 2023.

“Aqui na aldeia eu treino a crianças e ajudo a tirá-las da rua. Quero transformar a vida delas. Estou fazendo um time aqui que vai estar no campeonato indígena do Brasil, que acontece no mês que vem. Vamos dar o nosso melhor”, conta.

Apesar de estar aposentado, Índio pretende estar envolvido com o futebol até o último dia de sua vida: “Vou jogar futebol até os 100 anos. O futebol para mim é tudo. É esporte. É saudável” afirma o indígena.

Além do Corinthians, nos 1998 a 2000, Índio jogou nos times do Goiás, Santo André, Daegu FC, PAOK, Alianza Lima, Vitória, Francana, Noroeste, Remo, Andorinhas, Grêmio Osasco, Imbituba, Genus, Cambé, Palmeira e Santa Helena.