Copa do Mundo de 2006: Itália de volta ao topo

Na década de 2000, a Alemanha já não precisava provar para mais ninguém que respirava futebol. A Seleção, que havia chegado na final da primeira edição da Copa do Mundo daquele século, estava consolidada em nível internacional em diversos quesitos: estrutura, economia e jogadores. Não se estranhou, então, que a FIFA (Federação Internacional de Futebol) tenha escolhido o país como sede da Copa do Mundo de 2006.

A Copa do Mundo de 2006 foi marcada pelo sucesso de uma seleção que ansiava retornar ao topo do maior esporte do mundo. Ao mesmo tempo, deixou marcado na história o fracasso de um dos times que, no papel, anos depois, ainda é lembrado como um dos mais promissores (ou, ao menos, mais repleto de craques).

O sucesso ficou a cargo da Itália que, em 2006, conquistou o quarto título de Copa do Mundo de sua história. Na ocasião, a azzurra não levantava a taça mais expressiva do futebol há mais de 20 anos. O país já não era mais dono da mais competitiva liga nacional da Europa – ainda que seguisse extremamente forte. O time campeão, no entanto, era recheado de figuras lendárias. 

Por outro lado, os donos da casa tentavam levantar mais uma vez o título de campeões depois de terem batido na trave na edição anterior. A derrota por 2 a 0 para o Brasil na final da Copa do Mundo de 2006 deixou um gosto amargo na boca dos alemães, que buscavam se recuperar. Por fim, assim como os brasileiros, não conseguiram o sucesso que tanto almejavam. 

O caminho percorrido até a Copa do Mundo de 2006

O caminho percorrido até a Copa do Mundo de 2006 é marcado não apenas por uma “polêmica” envolvendo o país sede como, também, por uma mudança bastante significativa no regulamento. A começar pelo fato de que, a princípio, a Alemanha não era a principal cotada para receber a competição.

Depois de mais de três décadas (32 anos, para ser mais exato), a Alemanha voltou a sediar uma Copa do Mundo. Engana-se quem pensa, no entanto, que a escolha foi simples ou até mesmo unânime. Isso porque, naquela altura, imaginava-se e esperava-se que a África do Sul fosse a sede do maior torneio esportivo de todos. 

A decisão da FIFA de colocar a competição na Alemanha, então, acabou gerando algumas controvérsias na época. Essas controvérsias, no entanto, foram eliminadas uma vez que a Federação decidiu que a partir dali haveria um rodízio do país sede entre as Confederações que eram suas filiadas. Sendo assim, se em 2002 foi na Ásia e 2006 na Europa, em 2010 seria na África (confirmado na ocasião).

A Copa do Mundo de 2006 da Alemanha, no entanto, não veio apenas com essa controvérsia. Essa foi a primeira vez na história em que o campeão da mais recente edição do Mundial de Seleções precisou participar e disputar as eliminatórias para se classificar e poder jogar a competição. Lá se foi o Brasil brigar por uma vaga que, em tempos “normais”, automaticamente já seria sua.

O resultado das eliminatórias da Copa do Mundo de 2006 

Como já citado anteriormente, o Brasil, mesmo sendo o então campeão mundial, precisou disputar as eliminatórias para conseguir uma vaga na Copa do Mundo de 2006. Isso fez com que a competição, de certa forma, ficasse ainda mais competitiva – afinal de contas, até mesmo o vencedor teve que brigar por um espaço.

As eliminatórias para a Copa do Mundo de 2006 foram marcadas por algumas “primeiras vezes”. A começar pelo fato de que, pela primeira vez na história da competição, três seleções de língua portuguesa se classificaram para o Mundial: Portugal, Brasil e Angola (a novidade entre os ditos gigantes). 

Dos quatro presentes na foto, três vieram a ser melhores jogadores do mundo. Um deles ainda é lembrado com êxito pela torcida da Inter de Milão.

Além disso, se naquela altura muitos duvidavam da força do futebol da região norte e central da América, ao menos nas eliminatórias tiveram que deixar isso de lado. Isso porque, também pela primeira vez na história, quatro times da CONCACAF (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe) tiveram quatro representantes.

Por fim, mais uma vez, a Copa do Mundo iria receber as mais tradicionais seleções do futebol. Ao fim das eliminatórias, se classificaram para o Mundial as seguintes 32 equipes:

  • África: Angola, Costa do Marfim, Gana, Togo e Tunísia;
  • América Central e do Norte: Estados Unidos, Costa Rica, México, Trinidad e Tobago;
  • América do Sul: Argentina, Brasil, Equador, Paraguai.
  • Ásia: Arábia Saudita, Coréia do Sul, Japão e Irã.
  • Oceania: Austrália.
  • Europa: Croácia, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Polônia, Portugal, República Checa, Sérvia e Montenegro, Suíça, Suécia e Ucrânia.

Os grupos, jogos e resultados da Copa do Mundo de 2006

A Copa do Mundo de 2006 aconteceu sem a presença de algumas seleções tidas como marcantes. Um exemplo foi o Uruguai que, mesmo que já não viesse bem há décadas, é uma campeã do mundo (e, portanto, não é descartável). No entanto, de um modo geral, foi uma competição bastante “equilibrada” – que acabou pendendo para a seleção melhor organizada dentro de campo.

Os grupos da Copa do Mundo de 2006 foram os seguintes:

  • Grupo A: Alemanha, Equador, Polônia e Costa Rica;
  • Grupo B: Inglaterra, Suécia, Paraguai e Trinidad e Tobago;
  • Grupo C: Argentina, Holanda, Costa do Marfim, Sérvia e Montenegro;
  • Grupo D: Portugal, México, Angola e Irã;
  • Grupo E: Itália, Gana, República Tcheca e Estados Unidos;
  • Grupo F: Brasil, Austrália, Croácia e Japão;
  • Grupo G: Suíça, França, Coréia do Sul e Togo;
  • Grupo H: Espanha, Ucrânia, Tunísia e Arábia Saudita.

Os resultados da Copa do Mundo de 2006 foram os seguintes:

Grupo A

  • Alemanha 4 x 2 Costa Rica
  • Polônia 0 x 2 Equador 
  • Alemanha 1 x 0 Polônia
  • Equador 3 x 0 Costa Rica 
  • Equador 0 x 3 Alemanha 
  • Costa Rica 1 x 2 Polônia

Grupo B 

  • Inglaterra 1 x 0 Paraguai
  • Trinidad e Tobago 0 x 0 Suécia
  • Inglaterra 2 x 0 Trinidad e Tobago 
  • Suécia 1 x 0 Paraguai 
  • Suécia 2 x 2 Inglaterra 
  • Paraguai 2 x 0 Trinidad e Tobago 

Grupo C 

  • Argentina 2 x 1 Costa do Marfim
  • Sérvia e Montenegro 0 x 1 Holanda 
  • Argentina 6 x 0 Sérvia e Montenegro
  • Holanda 2 x 1 Costa do Marfim 
  • Holanda 0 x 0 Argentina 
  • Costa do Marfim 3 x 2 Sérvia e Montenegro

Grupo D 

  • México 3 x 1 Irã 
  • Angola 0 x 1 Portugal
  • México 0 x 0 Angola 
  • Portugal 2 x 0 Irã 
  • Portugal 2 x 1 México
  • Irã 1 x 1 Angola 

Grupo E 

  • Itália 2 x 0 Gana
  • Estados Unidos 0 x 3 República Checa 
  • Itália 1 x 1 Estados Unidos
  • República Checa 0 x 2 Gana
  • República Checa 0 x 2 Itália
  • Gana 2 x 1 Estados Unidos 

Grupo F

  • Austrália 3 x 1 Japão
  • Brasil 1 x 0 Croácia
  • Brasil 2 x 0 Austrália
  • Japão 0 x 0 Croácia
  • Japão 1 x 4 Brasil
  • Croácia 2 x 2 Austrália

Grupo G

  • França 0 x 0 Suíça
  • Coréia do Sul 2 x 1 Togo
  • França 1 x 1 Coréia do Sul
  • Togo 0 x 2 Suíça
  • Togo 0 x 2 França 
  • Suíça 2 x 0 Coréia do Sul 

Grupo H 

  • Espanha 4 x 0 Ucrânia
  • Tunísia 2 x 2 Arábia Saudita
  • Espanha 3 x 1 Tunísia
  • Arábia Saudita 0 x 4 Ucrânia
  • Arábia Saudita 0 x 1 Espanha
  • Ucrânia 1 x 0 Tunísia

Oitavas de Final

  • Alemanha 2 x 0 Suécia
  • Argentina 2 x 1 México 
  • Itália 1 x 0 Austrália
  • Suíça 0 (0) x 0 (3) Ucrânia
  • Inglaterra 1 x 0 Equador
  • Portugal 1 x 0 Holanda
  • Brasil 3 x 0 Gana
  • Espanha 1 x 3 França

Quartas de Final

  • Alemanha 1 (4) x 1 (2) Argentina 
  • Itália 3 x 0 Ucrânia 
  • Inglaterra 0 (1) x 0 (3) Portugal 
  • Brasil 0 x 1 França 

Semifinais 

  • Alemanha 0 x 2 Itália
  • Portugal 0 x 1 França

Terceiro Lugar 

  • Alemanha 3 x 1 Portugal

Final 

  • Itália 1 (5) x 1 (3) França 

O Brasil na Copa do Mundo de 2006

Depois que venceu a Copa do Mundo de 2002 com a Seleção Brasileira, Luiz Felipe Scolari (mais conhecido como Felipão), deixou o cargo de treinador. Quem assumiu na sequência, em fevereiro de 2003, foi Carlos Alberto Parreira – que já havia comandado a Canarinho no início da década de 1990.

A Seleção Brasileira passou com facilidade pelas Eliminatórias e chegou até a Copa do Mundo com status de favorita. Tinha em seu elenco apenas três jogadores que atuavam no futebol brasileiro: Rogério Ceni e Mineiro (na época, jogadores do São Paulo campeões do Mundial de 2005), e Ricardinho (do Corinthians). 

A Seleção Brasileira de 2006 é, no papel, uma das melhores que já tivemos. Eram muitos os craques daquele time, em todas as posições, do goleiro ao centroavante. Grandes feras como Ronaldinho Gaúcho (ex-Grêmio), Kaká (ex-São Paulo), Ronaldo (Ex-Cruzeiro), Roberto Carlos (ex-Palmeiras) e muitos outros faziam parte daquele elenco.

Na primeira fase, a Seleção Brasileira foi, de fato, muito bem: venceu todos os seus adversários. No entanto, acabou caindo para a França em um jogo que até hoje causa pesadelos na torcida canarinha, com um gol de Henry – livre na área, enquanto Roberto Carlos amarrava suas chuteiras.

A Itália campeã do Mundo

Por décadas afinco, o futebol italiano foi considerado um dos melhores (senão o melhor) do mundo. Acontece que a partir de meados da década de 1990 e 2000, esse posto acabou caindo no colo da Inglaterra, que tinha na Premier League a competição nacional mais acirrada e forte do planeta.

Isso, no entanto, não diminuiu o tamanho da Itália. Pelo contrário, a Azzurra foi para a Copa do Mundo de 2006 com um elenco simplesmente memorável, com craques em absolutamente todas as posições e, mais do que isso, com um time pensante, um verdadeiro conjunto.

A Itália campeã da Copa do Mundo de 2006 tinha como seu goleiro Buffon, ídolo da Juventus. Na defesa, estavam Cannavaro e Materazzi (esse último, o que recebeu a cabeçada de Zidane na final da competição). Zambrotta e Grosso eram os laterais. No meio, Pirlo e Gattuso (histórica dupla do Milan), De Rossi e Totti (Roma). Já no ataque, Del Piero e Luca Toni. 

Por fim, aquela Seleção Italiana recheada de craques conseguiu ser extremamente efetiva dentro das quatro linhas. O jogo contra a França de Zidane, Henry e outros foi, obviamente, o jogo mais difícil. No entanto, a Azzurra se consagrou campeã e voltou ao topo do mundo do futebol, com um título que não vinha há mais de duas décadas. 

Curiosidades da Copa do Mundo de 2006 

A Copa do Mundo de 2006 foi a primeira dos dois maiores jogadores de futebol de todos os tempos: Lionel Messi pela Argentina e Cristiano Ronaldo por Portugal. A competição também foi marcada por muitos jogos sem gols: foram sete partidas terminadas em 0 x 0.

Um caso engraçado também aconteceu na Copa do Mundo de 2006. O zagueiro croata Josip Simunic, da partida contra a Austrália, só foi expulso ao levar o terceiro cartão amarelo.

Foi na final da Copa do Mundo em que aconteceu também a fatídica cabeçada de Zidane em Materazzi. O fato ainda é lembrado até os dias de hoje.

Na ocasião, o Brasil também atingiu o recorde de maior número de vitórias consecutivas em Copa do Mundo. Depois que venceu Gana por 3 a 0, a Seleção  chegou a 11 jogos seguidos sem ser derrotada na competição.

Vale ressaltar que apenas uma semana antes de começar a Copa do Mundo de 2006, um de seus participantes passou por um momento decisivo em âmbito político e social. Sérvia e Montenegro foi, por decisão do parlamento, dividida em dois.

Confira alguns dos melhores momentos da final da Copa do Mundo de 2006, entre França e Itália: