Copa do Mundo de 1970: Brasil vira tricampeão e se torna a seleção a ser perseguida

A Copa do Mundo de 1970 foi a primeira a fugir do eixo América do Sul e Europa, depois de treze edições sediadas em países desses dois continentes. Para a primeira incursão do Mundial a América do Norte, o México, um dos principais representantes do continente, foi o escolhido para sediar o evento.

Aquela altura, o futebol definitivamente já não era o mesmo da primeira edição da Copa do Mundo. Tratava-se não apenas de um esporte bem visto em todo o globo como, também, extremamente popular entre os países da Europa e América, sendo palco de grandes eventos e competições para além do Mundial.

De certa forma, a Copa do Mundo de 1970 também foi extremamente simbólica – em diversos sentidos. O Mundial daquele ano sepultou de uma vez por todas o fim do futebol feio, violento e de péssimas arbitragens, dando espaço a um futebol bonito, de belos gols e jogadas bem ensaiadas que iriam entrar para a história.

Além disso, a Copa do Mundo daquele ano decretou o tricampeonato mundial da seleção brasileira, que se colocou pela primeira vez à frente de todas as outras. De lá para cá, o Brasil nunca mais perdeu esse posto, sendo até os dias de hoje o país mais vitorioso da história do Mundial. Em 1970, inclusive, com o melhor jogador da história: Pelé.

O caminho percorrido até a Copa do Mundo de 1970

A escolha do México como país sede da Copa do Mundo de 1970 aconteceu em 1964, durante o congresso da Federação Internacional de Futebol (FIFA) em Tóquio, no Japão. Na época, a Argentina também havia se candidatado para sediar o Mundial, mas uma série de fatores acabou sendo favorável aos mexicanos.

A começar pelo fato de que o México iria sediar os Jogos Olímpicos de 1968 e que, portanto, em 1970, já estaria com uma excelente estrutura para a disputa da Copa do Mundo. Além disso, a moeda dos mexicanos era mais forte do que a dos argentinos, tornando o evento mais rentável em termos de turismo e arrecadação.

Ainda assim, alguns países foram resistentes à decisão da FIFA de escolher o México como país sede da Copa do Mundo de 1970. Tanto os argentinos quanto todo o grupo britânico eram contrários à escolha e alegavam que a altitude das cidades mexicanas atrapalharia o desempenho técnico da competição.

Por fim, acabaram sendo vencidos e o México foi de fato escolhido para sediar a Copa do Mundo. A resistência dos britânicos, inclusive, não teve efeito nas inscrições para as eliminatórias, uma vez que 69 seleções entre os 138 filiados da FIFA se inscreveram em busca de uma vaga na competição.

O resultado das Eliminatórias da Copa do Mundo de 1970

Mais uma vez, a Copa do Mundo contou com 16 seleções, em que somente 14 vagas estariam em disputa. Isso porque México, o país sede do Mundial, e a Inglaterra, atual campeã da competição, estavam automaticamente classificadas. Restava então definir os outros países participantes do evento.

Uma reunião realizada pela FIFA em fevereiro de 1968 definiu que a Copa do Mundo de 1970 contaria com oito representantes europeus, enquanto a América do Sul ficaria com três vagas. América do Norte, África e Ásia tinham uma vaga garantida para cada, com os africanos finalmente conseguindo o objetivo depois do boicote de 66.

As eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970 proporcionaram algumas grandes surpresas, tanto no continente europeu quanto sul-americano. A começar pelo fato de que a toda poderosa França acabou ficando de fora do Mundial, assim como Portugal, Espanha, Iugoslávia e até mesmo a Argentina.

Com isso, três países se colocaram como estreantes na Copa do Mundo em 1970. Os classificados foram:

  • África: Marrocos;
  • América Central e do Norte: El Salvador e México;
  • América do Sul: Brasil, Peru e Uruguai;
  • Europa: Alemanha Ocidental, Bélgica, Bulgária, Inglaterra, Israel, Itália, Romênia, Suécia, Tchecoslováquia e União Soviética.

Os grupos e resultados da Copa do Mundo de 1970

Como citado anteriormente, a Copa do Mundo de 1970 contou com alguns azarões. Foi o Mundial dos estreantes e das zebras, com grandes seleções ficando de fora após campanhas excelentes em edições anteriores. O Brasil, no entanto, mais uma vez, se manteve firme e forte – nesse ano, inclusive, mais do que nunca.

Com isso, ficaram definidos os seguintes grupos da Copa do Mundo de 1970:

  • Grupo 1: União Soviética, México, Bélgica e El Salvador;
  • Grupo 2 : Itália, Uruguai, Suécia e Israel;
  • Grupo 3: Brasil, Inglaterra, Romênia e Tchecoslováquia;
  • Grupo 4: Alemanha Ocidental, Peru, Bulgária e Marrocos.

Os resultados da Copa do Mundo de 1970 foram os seguintes:

Grupo 1

México 0 x 0 União Soviética
Bélgica 3 x 0 El Salvador
União Soviética 4 x 1 Bélgica
México 4 x 0 El Salvador
União Soviética 2 x 0 El Salvador
México 1 x 0 Bélgica

Grupo 2

Uruguai 2 x 0 Israel
Itália 1 x 0 Suécia
Uruguai 0 x 0 Itália
Suécia 1 x 1 Israel
Suécia 1 x 0 Uruguai
Itália 0 x 0 Israel

Grupo 3

Inglaterra 1 x 0 Romênia
Brasil 4 x 1 Tchecoslováquia
Romênia 2 x 1 Tchecoslováquia
Brasil 1 x 0 Inglaterra
Brasil 3 x 2 Romênia
Inglaterra 1 x 0 Tchecoslováquia

Grupo 4

Peru 3 x 2 Bulgária
Alemanha Ocidental 2 x 1 Marrocos
Peru 3 x 0 Marrocos
Alemanha Ocidental 5 x 2 Marrocos
Alemanha Ocidental 3 x 1 Peru
Bulgária 1 x 1 Marrocos

Quartas de Final

Alemanha Ocidental 3 x 2 Inglaterra
Brasil 4 x 2 Peru
Itália 4 x 1 México
Uruguai 1 x 0 União Soviética

Semifinais

Brasil 3 x 1 Uruguai
Itália 4 x 3 Alemanha Ocidental

Terceiro Lugar

Alemanha Ocidental 1 x 0 Uruguai

Final

Brasil 4 x 1 Itália

O Brasil na Copa do Mundo de 1970

A Copa do Mundo de 1970 foi especial para o Brasil em diversos sentidos. A começar pelo fato de que consolidou a seleção de uma vez por todas como a mais vitoriosa da história dos mundiais, a primeira tricampeã que, algumas décadas mais tarde, viria a conquistar o pentacampeonato. Naquele ano, o Brasil se tornou referência para todos no futebol.

A seleção brasileira mudou de técnico por diversas vezes até chegar a Copa do Mundo de 1970. Vicente Feola foi demitido logo após o Mundial de 1966, dando lugar a Aymoré Moreira que, por sua vez, foi sucedido por Osvaldo Brandão. Zagallo assumiu logo em seguida, perdeu o cargo para João Saldanha e retornou como técnico a tempo da competição.

O Brasil começou a Copa do Mundo de 1970 novamente como favorito. E muito se dava ao time histórico daquela seleção, que contava com grandes craques em diferentes posições. No meio, Gerson, do São Paulo; Clodoaldo, do Santos; e Rivelino, do Corinthians, impressionaram.

No ataque, era tanto nome bom que não cabia no time principal. Tostão, do Cruzeiro; Jairzinho e Paulo César Caju, ambos do Botafogo; e Pelé, do Santos, eram os principais nomes daquele ataque fenomenal.

Por fim, o resultado não poderia ser diferente: a seleção brasileira fez jogos históricos, não perdeu ou empatou uma única partida sequer e terminou a Copa do Mundo com 100% de aproveitamento.

Artilheiros e curiosidades da Copa do Mundo de 1970

A Copa do Mundo de 1970 teve como artilheiro o alemão Gerd Mueller, até hoje um dos maiores nomes do futebol mundial, com 10 gols. O brasileiro Jairzinho veio logo em seguida, com 5 bolas no fundo da rede. Pelé, que naquele Mundial se consagrou como o único a ganhar três Copas, terminou com 4 gols anotados.

O fato é que a Copa do Mundo de 1970 não foi histórica somente pelo tricampeonato brasileiro ou pela consagração de Pelé. Na verdade, também foi o primeiro mundial a ser transmitido para todo o mundo pela televisão, chegando a 50 países com imagens ao vivo.

Além disso, aquela Copa do Mundo marcou a era da Adidas como a fabricante da bola do Mundial – parceria que iria render modelos históricos nos anos seguintes. O evento também foi o primeiro a permitir a troca de jogadores durante a partida, assim como a punição com amarelo e vermelho, fato que marcaria as próximas edições da Copa do Mundo.

Para se ter uma ideia da força da seleção brasileira na Copa de 70, a equipe contava com cinco jogadores que vestiam a 10 em seus clubes: Jairzinho, pelo Botafogo; Jairzinho, pelo Cruzeiro, Pelé, pelo Santos; Gerson, pelo São Paulo; e Rivelino, pelo Corinthians. Eles formaram um dos grandes ataques da história do Brasil.